Slow Fashion
Slow Fashion e a Conscientização sobre o Consumo de Moda.
O movimento do "slow fashion" é uma abordagem à moda sustentável que tem suas raízes nas ideias da inglesa Kate Fletcher. Este movimento emerge a partir dos princípios semelhantes aos do movimento "slow food", que teve origem na Itália em 1986 com o intuito de promover uma alimentação saudável, contrapondo-se à industrialização e ao consumo rápido de fast food.
O conceito de "slow fashion" incorpora diversos termos atualmente presentes no vocabulário da moda, tais como "eco", "sustentável" e "verde". Seu objetivo principal é fomentar uma consciência ética em relação ao consumo, encorajando a escolha de produtos de maior qualidade confeccionados em pequena escala. Isto vai de encontro à tendência de produção em massa predominante na indústria da moda atual.
Esse movimento está ganhando significativa relevância no cenário da moda internacional e gradativamente começa a se difundir também no Brasil. Questões como o ritmo acelerado do consumo, as condições de trabalho exploradoras, trabalho infantil, a baixa qualidade e a efemeridade das peças são temas de discussão e crítica no âmbito do "slow fashion".
E por que é importante trazer luz a este tema? Segundo uma reportagem da Forbes, os americanos compram uma peça de roupa nova a cada cinco dias, em média. Os preços são tão baixos que as roupas agora são consideradas essencialmente descartáveis.
Um estudo da consultoria McKinsey mostra que a cada cinco novas peças de vestuário produzidas anualmente, três peças são descartadas e nem sequer chegam a ser utilizadas. A ascensão dessa moda rápida gerou efeitos colaterais ambientais e sociais em grande escala.
Além disso, as minúsculas microfibras de plástico que se soltam das roupas sintéticas durante a lavagem estão poluindo o abastecimento de água e a irrigação das plantações de alimentos.
Como identificar uma marca que segue os princípios do slow fashion?
Uma marca que "slow fashion" leva em consideração todos os aspectos da cadeia de suprimentos e tem como objetivo respeitar as pessoas, o meio ambiente e os animais. Isso também significa dedicar mais tempo ao processo de design, garantindo que cada peça de vestuário seja feita com qualidade. Aqui estão algumas dicas para ajudá-lo a identificar as marcas:
Materiais Sustentáveis: Marcas de slow fashion geralmente priorizam o uso de materiais sustentáveis, como algodão orgânico, linho, bambu e outros tecidos naturais. Eles evitam materiais sintéticos que possam causar impactos ambientais negativos;
Produção Local: Muitas marcas de slow fashion preferem produzir localmente, reduzindo as emissões de carbono associadas ao transporte de mercadorias. Elas também costumam garantir condições justas de trabalho para os seus trabalhadores;
Pequenas Coleções e Produção Limitada: Ao contrário das grandes marcas de moda rápida, as marcas de slow fashion tendem a lançar coleções menores e produzir em quantidades limitadas. Isso reduz o desperdício e a pressão para a produção em massa;
Durabilidade e Qualidade: O foco está na criação de peças duráveis e de alta qualidade, projetadas para durar por muitas estações. Os produtos são cuidadosamente projetados e fabricados para resistirem ao desgaste e terem maior durabilidade;
Transparência produtiva: Marcas de slow fashion tendem a ser transparentes sobre suas práticas de produção, origem dos materiais e impacto ambiental. Elas compartilham informações sobre suas cadeias de suprimentos e esforços sustentáveis;
Preço Reflexivo: Devido ao uso de materiais de qualidade e práticas mais éticas de produção, as roupas de slow fashion podem ser mais caras do que as opções de moda rápida. No entanto, o preço muitas vezes reflete o valor do produto em termos de durabilidade e sustentabilidade.
História e Missão: Marcas de slow fashion geralmente têm uma história e uma missão por trás do que fazem. Eles estão comprometidos com a mudança positiva na indústria da moda e costumam compartilhar informações sobre suas razões para adotar essa abordagem.
Participação em Movimentos e Iniciativas Sustentáveis: Marcas de slow fashion muitas vezes se envolvem em movimentos e iniciativas relacionados à sustentabilidade, como redução de resíduos, utilização de energia renovável e apoio a comunidades locais.
Para finalizar deixo aqui as palavras da criadora do conceito, Kate Fletcher, em um painel promovido pelo portal Fashion Revolution para nos ajudar a repensar nosso consumo:
"A indústria da moda foi criada para nos fazer gastar dinheiro que não temos em coisas que não precisamos para impressionar pessoas que não nos importam muito. E assim, à medida que avançamos, é importante reconhecer que o modelo de negócios que sustenta o setor de moda atual é baseado em uma lógica de crescimento econômico. Outras lógicas e outros modelos de negócios estão disponíveis. Não é o único mundo, nós criamos isso e podemos criar algo diferente. Precisamos que as empresas façam parte de uma solução para avançar".
E você que chegou até aqui, já conhecia essa abordagem? Já adquiriu algum produto que siga os princípios?
Artigo originalmente publicado pela co-fundadora da Ginga.Store, Mariana Mello Campos, em sua página do LinkedIn.